Monsaraz
Inverno, manhã cedo. A luz que banha
A paisagem é gélida e cinzenta;
A vaga pompa do cenário ostenta
Ao largo, as serras húmidas de Espanha.
Hortas, vinhedos, e a carcaça estranha
De Monsaraz, numa ascensão violenta;
A erva tenrinha os pastos apascenta,
Que em tons de bronze a terra desentranha.
E eu olho a paisagem dolorida,
Testemunha que foi da minha vida,
Povoada agora de visões errantes…
Eu olho-a e dentro da minha alma afago-a,
Que os seus olhos longínquos, rasos de água,
São hoje os mesmos que me olharam dantes.
António Macedo Papança
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